A Celebração da Leitura da Paixão por si só é carregada de emoção, silêncio e sentimentos de contrição e paixão. Esta tarde de Sexta-feira Santa em nossa Paróquia, envolta em nuvens carregadas de chuvas, e não só, banhada por chuvas torrenciais, foi muito mais além. De repente a gente não sabe o que eles, o grupo de Teatro Santo Antônio de Pádua, fazem. Enquanto ocorria a celebração da Paixão, atores e produtores, silenciosamente prepararam uma surpresa de tirar o fôlego e arrancar lágrimas: a cena ao vivo da morte de Cristo.
Ao sair da Igreja para a tradicional procissão com o Senhor morto, os fiéis se depararam com Cristo e os dois Ladrões, rodeados de soldados, como se tivessem acabado de crucifica-los. O que se ouviu e celebrou no interior da Igreja, ali, no pátio, na saída estava acontecendo ao vivo. Surpresa? Sim! Surpresa e criatividade. A verdadeira fé é criativa, não se repete, busca atalho para atingir cada vez mais em profundidade os corações que às vezes titubeiam entre as dúvidas e a certeza.
A procissão com o Corpo do Senhor, mesmo sob a ameaça de chuva, foi o marco da fé de uma população, que leva muito a sério o seu jeito de acreditar. As celebrações sempre muito participadas, são testemunhas de que o Povo ainda crê fortemente no seu Deus. A Sexta-feira Santa começou logo às cinco horas da manhã, após uma vigília que durou até a meia noite de Quinta-Feira. Horas depois o Povo já se encontrava novamente na Igreja para o grande e solene momento da Paixão e Comunhão.
Pelas ruas, se recordou as cinco chagas de Cristo, que são também as nossas chagas, cada um com as suas, mas todos as temos. Tem quem sofre mais, outros que sofrem menos, mas todos completam em si, na própria carne, o que talvez tenha faltado no sofrimento de Cristo. E enquanto se rezava as chagas de Cristo, a multidão rezava também pelas suas chagas, mas principalmente pelas chagas daquelas pessoas, que dia após dia, carregam no corpo as dores de doenças, que somente um milagre poderia aplacá-las.
Esta Semana Santa, veio carregada de momentos de bênçãos e de graças. Pessoas, que há muito não se via na Igreja, por motivos a ou b, estão retornando, reconciliando-se consigo mesmas, com a comunidade e com Deus. Muitos jovens, que poderiam estar em outros lugares aparentemente mais atraentes, estão ali, presentes, celebrando o nome e em nome do Senhor.
Certamente o sangue que hoje vimos jorrar do lado aberto do Cristo foi derramado por muito mais gente, que ainda não estava ali, mas aqui é que vem a mensagem do Sangue de Cristo: “Ide”, anunciai a todos, trazei de volta para o meu rebanho, aquelas ovelhas que se desgarram, mas não esquecei principalmente, aquelas que até agora não tiveram a graça de estarem no meu redil.
Que a Paixão de Cristo, o Sangue jorrado das suas chagas regue o terreno dos nossos corações para que partamos em missão, em busca daqueles irmãos e irmãs, que vivem afastados do rebanho, do qual pela graça de Deus somos chamados a vivermos.
Amanhã será a noite das noites. O grande dia, que o Senhor nos fez. O dia que a violência e a dor da morte, foram vencidas pela suavidade, a ternura e a vitalidade da vida.
Esperamos você para cantarmos juntos o ALELUIA!