A MORTE CRISTÃ TEM UM SENTIDO POSITIVO

Todos os anos no dia 02 de novembro recordamos os nossos mortos, pois é dia de finados. Muitas vezes, parece ser um dia triste, pois lembramos das pessoas queridas que morreram. Algumas pessoas, por acharem que a morte conduz a um inevitável e triste fim, podem considerar que, diante dela, tudo perde o valor. Infelizmente, não fomos acostumados a fazer o salutar exercício de meditar sobre a morte de forma madura. O assunto é carregado de superstição, crendices, imaginações, tabus. Essa maneira de pensar leva muitos a perceberem o que realmente importa na vida quando elas já estão se preparando para partir. Mas a Igreja nos leva a refletir sobre a morte e compreendê-la, pois em consequência do pecado original, o homem deve sofrer “a morte corporal, à qual teria sido subtraído se não tivesse pecado” (Gaudium et Spes, 18; Gn 2,17). Não passaríamos pela morte como ela é hoje se não houvesse o pecado.

A Igreja reconhece que é diante da morte que o enigma da condição humana atinge o seu ponto mais alto. São Paulo ensina que “o salário do pecado é morte” (Rm 6,23); é dele que advém todo sofrimento da criatura humana; mas que para os que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua Ressurreição (Rm 6, 3-9).

O Catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 1010, afirma que, “graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo”. Portanto, entender o sentido cristão para a morte é aprender a valorizar a própria vida. Exatamente nesse ponto nós podemos extrair uma direção valiosa para a nossa vida: é preciso encontrar um sentido para a morte.

Quando não vemos sentido na morte ficamos desesperados, angustiados e desolados. Porém quando vemos sentido na morte, nosso sentimento é de esperança, júbilo, amparo, alegria, misericórdia, descanso, encontro e fé.

A morte foi transformada por Cristo Jesus, o Filho de Deus, sofreu Ele também a morte, própria da condição humana; assumiu-a em um ato de submissão total e livre a vontade de seu Pai. A obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção (Rm 5, 19-21). Por isso, graças a Cristo a morte cristã tem um sentido positivo. São Paulo disse: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos” (2Tm 2, 11).

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo batismo, o cristão já está sacramentalmente ‘morto com Cristo’ para viver uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a morte física consuma esse ‘morrer com Cristo’ e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor” (§1010).

Deus chama o homem a si em sua morte. São Paulo estava certo disso: “O meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1, 23); então, o cristão deve transformar sua morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23, 46).

A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.”

A morte encerra o tempo de graça e de misericórdia que Deus oferece a cada um para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Não existe reencarnação; ensina a Igreja que: Quando tiver terminado “o único curso de nossa vida terrestre”, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. “Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27).

Fonte:

https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-a-igreja-ensina-sobre-a-morte/

Por Glaucia Bravin

PASCOM
Pastoral da Comunicação